The INCT Observatório das Metrópoles promotes the release of the e-book Salvador: transformations in the urban order. The publication analyzes the Bahian metropolis in the period 1980-2010, focusing on topics such as metropolization, demography, labor market, urban mobility and housing. According to the editors, Inaiá Moreira de Carvalho and Gilberto Corso Pereira, the urban changes that took place in the last decade are reproducing and reinforcing the patterns of segregation and inequalities that historically shaped the metropolis of Salvador.

Recognizing the new relevance of large cities in the contemporary phase of capitalism, the Observatório das Metrópoles has been assessing the characteristics and changes that took place in these cities in the past few decades in Brazil, and is now publishing a collection of books on these issues.

As part of this collection, this book focuses on Salvador and its metropolitan region (MR), placing them in the Brazilian urban network, discussing their demographic, economic and occupational dynamics and their social and urban structure; it assesses the relationship between this structure and the issues of housing provision, unequal access to education and to urban mobility; and finally highlights the features that are still present in this territory and their main transformations.

Designed by an interdisciplinary team of experts, but written in an accessible language, this book shows reflections that shall contribute not only to a better understanding of the urban panorama focused on the book but also to a broader vision of the characteristics and conditions of life in these major centers in Brazil.

Metropolis of Salvador: poor, peripheral and marginal

Professor Inaiá Moreira de Carvalho points out that the main findings of the book Salvador: transformations in the urban order are that, seen from the point of view of its productive structure and occupational panorama, the Bahian metropolis remains poor, segregated, and its workforce occupies a peripheral position in the country.

“It is true that, from 2004 onwards, employment has grown, showing a breakthrough in its formalization. Unemployment rates fell, the weight of the self-employed workers and unofficially registered workers retreated, the worker remuneration recovered slightly, and the proportion of poor and destitute residents also decreased. Nonetheless, those rates still represent almost twice the national average, and become even higher outside the metropolitan center and among women, Blacks, the young and the less educated population”, argues Inaiá de Carvalho. And she concludes:

“Most occupied workers are linked to activities that do not stand out in terms of generating quality jobs, such as commerce, traditional services and construction. The metropolis of Salvador remains as an area of low wages, with 70.9% of workers receiving up to 2 minimum wages and only 10% receiving over 5 minimum wages. Occupational insecurity remains quite significant in the region, as well as the poverty and indigence levels of the population”.

In relation to the urban structure, according to Professor Gilberto Corso Pereira, the MR of Salvador has been affected in recent years by changes common to large metropolises and to other cities in Brazil and Latin America. Among these changes are: an expansion to the edges and to peri-urban areas, as well as the emptying, decay or gentrification of old central areas; the building of equipment with great impact on the structuring of the urban space; and the dissemination of new housing standards and reversals in real estate aimed at high-and middle-income groups ̶ with the proliferation of vertical or horizontal closed condominiums ̶̶ that extend the auto-segregation of the rich, the fragmentation and the urban inequalities, and reveal a growing affirmation of the logic of capital in the production and reproduction of cities.

As Gilberto Corso explains, “Altogether, the changes and processes are reproducing and reinforcing the segregation and segmentation patterns and the inequalities historically conformed in the metropolis of Salvador”. And he adds:

“We see that the capitalist and the entrepreneurial production of housing is segmented in social and spatial terms, basically addressing the highest income strata. From the old upper and middle class neighborhoods, usual in major Brazilian cities, we moved to the current production of vertical and horizontal mega-condominiums with their separation and distancing apparatuses that, besides providing a social homogeneity, prevent urban porosity and ensure that any social mix can only happen outside its edges”.

In this sense, recent forms of housing and urban space production in Salvador show an increased socio-spatial fragmentation of the metropolis, which now is expressed in enclaves of various natures that characterize the current space built.

Another highlight of the book is the subject of urban mobility. Chapter VII, titled “Social Organization of the Territory and Urban Mobility”, points out that the metropolis of Salvador is undergoing a collapse of mobility. “Travel times are becoming ever larger for those transiting in Salvador; this happens because the transport and mobility policies are oriented towards the individual vehicle and not towards pedestrians and public transportation”, argues the professor.

According to Corso, the precarious urban mobility of Salvador penalizes all residents but mostly the poorest residents inhabiting peripheral areas because while households ̶̶ which are the starting point for trips ̶ are scattered spatially, the distribution of services and job opportunities is increasingly concentrated.

Access in the following link the e-book Salvador: transformations in the urban order.
O INCT Observatório das Metrópoles promove o lançamento do e-book “SALVADOR: transformações na ordem urbana”. A publicação analisa a metrópole baiana, no período 1980-2010, a partir de temas como metropolização, demografia, mercado de trabalho, mobilidade urbana e habitação. Segundo os editores Inaiá Moreira de Carvalho e Gilberto Corso Pereira, as mudanças urbanas da última década vêm reproduzindo e reforçando os padrões de segregação e as desigualdades que se conformaram historicamente na metrópole de Salvador.

SALVADOR: transformações na ordem urbana

Reconhecendo a nova relevância das grandes metrópoles na fase contemporânea do capitalismo, o Observatório das Metrópoles vem analisando as características e as mudanças nelas ocorridas nessas últimas décadas no Brasil, publicando, agora um conjunto de livros sobre essas questões.

Como parte desse conjunto, este livro se reporta a Salvador e à sua região metropolitana, situando-as na rede urbana brasileira, discutindo a sua dinâmica demográfica, econômica e ocupacional e sua estrutura social e urbana; aborda a relação entre essa estrutura e os problemas de provisão de moradia, as desigualdades de acesso à educação e à mobilidade urbana, evidenciando, finalmente, tanto as características persistentes nesse território como as suas principais transformações.

Elaborado por uma equipe interdisciplinar de especialistas mas escrito em uma linguagem acessível, suas reflexões contribuem não apenas para uma melhor compreensão da realidade pesquisada como para uma visão mais ampla das características e das condições de vida nesses grandes centros brasileiros.

Metrópole de Salvador: pobre, periférica e marginal

Sobre os principais resultados do livro “Salvador: transformações na ordem urbana”, a professora Inaiá Moreira de Carvalho aponta, por exemplo, que em relação à estrutura produtiva e ao panorama ocupacional, a metrópole baiana continua pobre, segregada, com uma inserção periférica no quesito força de trabalho no país.

“É verdade que, a partir de 2004, o emprego tem crescido, com um avanço em termos de sua formalização. As taxas de desemprego caíram, o peso dos ocupados por conta própria e dos trabalhadores sem carteira assinada recuou, a remuneração dos trabalhadores experimentou certa recuperação, e a proporção de moradores pobres e indigentes também se reduziu. Mas, ainda assim, as referidas taxas ainda representam quase o dobro da média nacional, elevando-se ainda mais fora do núcleo metropolitano e entre as mulheres, os negros, os jovens e aqueles menos escolarizados”, argumenta Inaiá e completa:

“A maioria dos ocupados se encontra vinculado a atividades que não se destacam pela geração de postos de qualidade, como o comércio, os serviços tradicionais e a construção civil. A metrópole de Salvador se mantém como um espaço de baixas remunerações, com 70,9% dos trabalhadores percebendo até dois e apenas 10% acima de cinco salários mínimos. A precariedade ocupacional se mantém bastante expressiva na região, assim como os níveis de pobreza e de indigência da população”.

Já em relação à estrutura urbana, segundo o professor Gilberto Corso Pereira, a RM de Salvador vem sendo afetada, nos últimos anos, por mudanças que têm se mostrado comuns às grandes metrópoles e a outras cidades do Brasil e da América Latina. Entre essas mudanças, destacam-se: uma expansão para as bordas e para o periurbano, assim como o esvaziamento, a decadência ou a gentrificação de antigas áreas centrais; a edificação de equipamentos de grande impacto na estruturação do espaço urbano; e a difusão de novos padrões habitacionais e inversões imobiliárias destinadas aos grupos de alta e média renda, com a proliferação de condomínios verticais ou horizontais fechados, que ampliam a autossegregação dos ricos, a fragmentação e as desigualdades urbanas, assim como revelam uma afirmação crescente da lógica do capital na produção e reprodução das cidades.

“No seu conjunto, as mudanças e os processos vêm reproduzindo e reforçando os padrões de segregação e segmentação e as desigualdades que se conformaram historicamente na metrópole de Salvador”, explica Gilberto Corso e acrescenta:

“Vemos que a produção capitalista e empresarial da habitação é segmentada em termos sociais e espaciais, orientando-se, basicamente, para as camadas de maior renda. Dos antigos bairros de classe alta e média, comuns nas grandes cidades brasileiras, passou-se à produção atual de megacondomínios verticais e horizontais, com seus aparatos de separação e distanciamento, os quais, além de propiciar uma homogeneidade social, impedem a porosidade urbana e asseguram que qualquer mistura social só poderá acontecer fora de suas fronteiras”, explica.

Nesse sentido, as formas recentes de produção da moradia e do espaço urbano em Salvador mostram uma ampliação da fragmentação socioespacial da metrópole, agora se expressando na forma de enclaves de diversas naturezas que caracterizam o atual espaço construído.

Outro destaque do livro é o tema da mobilidade urbana. O capítulo VII “Organização Social do Território e Mobilidade Urbana” aponta que a metrópole de Salvador vive um colapso de mobilidade. “Os tempos de viagem estão se tornando cada vez maiores para quem transita em Salvador; isso acontece porque as políticas de transporte e mobilidade se voltam para o veículo individual e não para os pedestres e para o transporte público”, argumenta.

Segundo ainda Corso, a precária mobilidade urbana de Salvador penaliza todos os moradores, mas o faz especialmente para aqueles mais pobres e residentes em áreas periféricas, pois, enquanto os domicílios que são ponto de partida das viagens se dispersam espacialmente, a distribuição dos serviços e das oportunidades de trabalho está cada vez mais concentrada.